Não consegui deixar de comentar hoje um fato que me trouxe um pouco de tristeza, e muitas saudades. Mercedes Sosa morreu.
Tristeza porque admirava muito essa mulher, forte, guerreira, de voz firme e expressiva. A perda será imensa, com certeza. Saudades porque a Mercedes me faz lembrar da minha adolescência, de como fui um dia.
Conheci a Mercedes Sosa, sua linda voz e repertório impecável, na época das Diretas Já, através de minha tia, que participou deste marco político que envolveu muitos músicos,e acabou influenciando, positivamente, no gosto musical dela e meu também.
A Mercedes Sosa sempre representou para todos o maior símbolo da liberdade política, social, e humana, ela via a esquerda na situação mudando a realidade cruel da maioria pobre e marginalizada. E a liberdade é o maior símbolo da juventude, não?
Pensar que o mundo pode ser melhor, que podemos reverter a realidade corrompida no governo e no ser humano, desejar sermos livres para agir, pensar e falar, sonho da juventude. Pensar que todas as nações podem viver pacificamente, unidas, um único povo, uma única voz.
Hoje, com 35 anos, não tão jovem, mas não menos sonhadora, sinto saudades daquela época. Saudades de pensar que aqui no Brasil chegamos perto de sermos uma pátria mais livre, e com isso, um povo mais são, mais rico de valores morais, de hombridade, tão ausente atualmente.
Ainda nutro esperanças, apesar de ser posta à prova diariamente, com a enxurrada de notícias vexaminosas que lemos nos jornais dos atos de nossos políticos no governo, governo que naquela época, pensamos ser o ideal, e que hoje se mostra tão semelhante aos outros, desigual, corrompido, vendido, de ver melhores dias.
Fico pensando que se houvessem milhares de Mercedes Sosa pelo mundo talvez conseguíssemos alcançar tal liberdade. Fico pensando que se um pouco dos nossos sentimentos de juventude se mantivessem vivos dentro de nós, e se conseguíssemos expressá-los, muito do que vemos hoje poderia ser diferente.
Será? Não sei... Só sei que sinto saudades, saudades do que sentia quando jovem, saudades do que vivi, do que fiz. Mas é uma saudade boa, que fortalece, que me faz refletir, indagar, repensar atos e decisões, pensar em como agir daqui para frente. Um sentimento bom, que me mostra o que aprendi com o passado, e de como sou livre para decidir como agir hoje e mudar o amanhã. E me faz agradecer a vida que tenho, e que construí, com tropeços e acertos, mas sempre com liberdade para escolher e agir.
Obrigada, Mercedes! Por me mostrar como posso ser melhor, de que sempre poderei mudar, independente da minha idade, e de que não devo deixar de sonhar e de ter esperanças de ver um dia mais justo e igual, para todos.
Até!
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Há 2 dias
4 Deixe aqui seu comentário:
Oi amiga, uma perda realmente para a musica.
obrigada pela mensagem lá no meu cantinho, adorei.
uma seman abençoada,beijos
Querida me emocionei com seu texto, esse é o maior problema de passar da faixa dos trinta, o que eram icones para nós um dia irá embora.
Bjsss
Fabi, eu não conhecia bem o repertório da Mercedes Sosa, mas queria dizer aqui que seu texto está tão bem escrito e de forma tão apaixonada, que não tem como não sentir sua emoção através das palavras... Nossos ídolos um dia se vão, mas acho que os ideais permanecem. Beijos!
"Duerme, duerme negrito... que tu mama está nel campo negrito. Te va traer codornices para ti, te va traer carne de cervo para ti, te va traer ricas frutas para ti, te va traer muchas coisas para ti..."
Adorava Mercedes...
E adorei seu texto. Muito bacana tudo que escreveu.
Beijos
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